Molho Béarnaise (com um bife e tanto)
Jogo rápido porque a receita é boa e o post tem foto pra cacete.
Nota 1 – Essa é um receita carnívora, lotada de manteiga e ovo, acompanhada por um abuso alcóolico grave com amigos. Sugiro que você repita a receita sob as mesmas condições de temperatura e pressão. Se você não gosta de carne (tem dó, pena, não digere e afins) ou luta de uma forma obsessiva e escrota contra a balança, sendo incapaz de aproveitar uma boa refeição, esse post não é pra você. De verdade.
Nota 1.2 – Molho Bearnaise (que nasceu na cidade de Béarn – França) é um molho a base de ovos e manteiga, temperado com uma redução de vinagre de vinho branco, pimenta do reino preta em grão, estragão fresco e cebola branca picada. É algo como uma maionese de manteiga, ligeiramente ácida, mas que combina de uma forma que não dá pra explicar com a gordura da manteiga. É uma bica do fígado, não dá pra comer todo o dia, mas é algo pra fazer parte da vida.
Pra começar, o molho Bearnaise.
Ingredientes:
- 200 gr de manteiga
- 350 ml de vinagre de vinho branco
- 1 cebola branca pequena
- 1/2 maço de estragão
- Pimenta do reino preta em grão a gosto
- 4 gemas de ovos caipiras
Modo de preparo:
Comece clarificando a manteiga (ou seja, retirando sua gordura e impurezas) para fazer o molho. Basta aquecer a manteiga lentamente em uma panela em fogo bem baixo, até que derreta por completo e toda a sua gordura suba a superfície.
Desligue então o fogo, e com a ajuda de uma colher, retire a gordura, deixando a manteiga bem amarelinha. Se você preferir retirar toda a gordura, é só passar a manteiga em um filtro de papel para café. Eu gosto de deixar um pouco porque gordura é amor, é sabor, gordura é coisa linda de deus.
Reserve a manteiga e parta pra próxima etapa: A redução que vai temperar todo o molho. Pique a cebola em cubos bem pequenos.
E junte ao vinagre de vinho branco e a pimenta do reino em grãos, em uma panela no fogo baixo.
Deixe a mistura ferver até que seu volume se reduza em 1/4. Uma dica bacana pra perceber quando tudo está no ponto é a cor: O vinagre ganha um tom caramelo escuro, tendo um cheiro rico e perfumado, porém intenso. É como ter uma bomba de gás lacrimogêneo na cozinha, só que dessa, você não vai querer sair do lado.
O resultado, depois de coado, é esse: Pouco volume, mas lotado de sabor. Mais fácil de incorporar ao molho, menos chances de dar errado, garantia de sucesso no final.
Deixe mais essa etapa de lado e se concentre agora nas gemas. Eu sempre uso ovos caipiras, porque eles deixam o molho com uma cor mais bonita, além de não terem cacete-deus-sabe-lá-o-que misturados. Eles custam um pouquinho mais caro, eu sei, mas a diferença é gritante. Bom…
Usando um fuet, bata os ovos até que fiquem cremosos e bem espumosos, o que demora em torno de 10 minutos. Você pode usar uma batedeira, não tem problema.
Quando as gemas estiverem assim…
Comece a adicionar a manteiga bem devagar, com a ajuda de uma concha. Nessa hora, a melhor coisa é pedir pra alguém ir despejando a manteiga aos poucos, enquanto você emulsifica a mistura. Essa é a parte mais complicada da receita, já que o molho pode desandar e você tem que começar tudo do zero. Pra garantir que isso não aconteça, o segredo é bater sem parar (mesmo!) misturando a manteiga aos poucos. Respeitando essas duas regras, você vai se dar bem com certeza.
Quando o molho estiver firme, porém cremoso….
Tempere a mistura com o estragão fresco. Retire todas as suas folhas…
Nota 1.3 – O estragão (Artemisia dracunculus) é uma erva aromática com um gosto herbáceo e fresco bastante intenso, ideal para compor molhos e acompanhar pratos com peixe de carne branca. Ele é um pouco difícil de ser encontrado, mas vale a pena procurar.
E as pique grosseiramente, com a ajuda de uma faca bem afiada.
Quase lá! Por último, tempere a mistura de ovos e manteiga com o estragão fresco picado e a redução de vinagre de vinho branco, acrescentando-a aos poucos e batendo sempre, para emulsificar por completo o líquido na gordura. Por último, tempere com sal a gosto e reserve, cobrindo o molho com filme plástico. Isso evita que uma película se forme sobre o molho, mantendo-o sempre lisinho e sem grumos.
Agora, um bife e tanto.
Ingredientes
- 2 bifes anchos (do açougue do seu coração)
Eu escolhi um lindo, fodástico, ignorantemente bonito bife ancho da Bonsmara, bem alto e lotado de gordura entra as fibras, o que garante que a carne fique suculenta e úmida durante o cozimento, já que a gordura derrete e irriga a carne por dentro.
Antes de fritar o bife, eu prefiro não colocar sal nele por um motivo: Enquanto frita, a carne não perde nenhum suco natural, já que o sódio do sal, retira a água dos alimentos. Pode parecer bobo, mas faz toda a diferença do mundo.
A única coisa que você tem que fazer, é aquecer muito bem uma frigideira com um pouco de óleo e colocar o bife de uma vez, deixando ele quieto. Não cutuque, vire, fure (pelo amor de deus!) ou pressione a carne. Deixe ela quietinha que o fogo e o tempo fazem o trabalho.
Um bife de 250 gr demora entre 3 e 4 minutos, de cada lado, pra ficar ao ponto. Se você gosta dele mais passado, deixe mais tempo (um pecado), se não, basta deixar menos tempo. Simples assim.
Vire então o bife e frite do outro lado, até que ganhe as mesmas marcas. Depois de fritar (mesmo que você esteja morrendo de fome), é muito importante deixar a carne descansar de 3 a 4 minutos, antes de cortar.
Porque? Se você deixa a carne descansar, todos os sucos da carne que migram para o centro dela enquanto ela cozinha, tem a chance de assentar e voltar a ficar distribuída pelo bife. A diferença, é uma carne que não solta litros de líquido (o que aposto que acontece na maioria dos churrascos que você vai), ficando mais saborosa e suculenta, derretendo na boca.
Passado esse tempo, é só fatiar usando uma faca bem afiada…
E servir com um pouco de molho.
Inacreditável. Tão bom, que você precisa de um tempo pra processar.
Faça, reuna seus amigos e aproveite a vida. No final, é isso que vale a pena.